Crazy 8’s: Crie soluções para problemas reais na prática

18/11/2020
Publicado em Design, UX
18/11/2020 Fabiano de Freitas

Quando estamos trabalhando em um projeto de interface, depois de entender e estudar nosso problema/ideia, chega um momento que precisamos materializar as nossas soluções. No mercado, se percebe (não é regra) o hábito de ir direto para os wireframes de alta fidelidade. Não chega a ser um problema, mas há outros caminhos e um deles é começar a desenhar em papel.

A vantagem de desenhar em papel é que, além de ser mais rápido, “rabiscar” no papel também possibilita que todos da equipe (não apenas designers) possam contribuir e compartilhar suas ideias e ajudar a conceber a solução, evitando retrabalhos e idas e vindas em um wireframe de alta fidelidade. Uma técnica que busca juntar a informalidade e rapidez do rabiscoframe com uma geração de ideias é chamada 8 steps (ou crazy eights).

8 Steps ou Crazy Eights (8’s) é uma técnica adaptada do gamestorming que se chama “6–8–5”. Essa técnica ganhou fama através do Design Sprint (processo criado pela Google Ventures para responder questões críticas de negócios através de design, prototipagem e teste das ideias), pois nele o 8 steps foi adotado como parte importante do processo de materializar ideias sobre um produto no papel.

É um exercício rápido que desafia as pessoas a esboçar oito ideias distintas em oito minutos. O objetivo é superar a sua primeira ideia, frequentemente a menos inovadora, e gerar uma ampla variedade de soluções para o seu desafio. Google — Design Sprint Kit

A ideia do 8 steps é ajudar o time a sair da sua zona de conforto e das ideias mais óbvias. Naturalmente, temos uma forte tendência a ficar com as primeiras ideias que temos, ao invés, de tomar um tempo para explorar abordagens complementares. Essa técnica é projetada justamente para combater esse padrão, pois ajuda o time a gerar muitas ideias, sem se preocupar com os detalhes ou implementação de qualquer ideia em particular. Além disso, essa técnica também funciona como um bom exercício de aquecimento para levar o time envolvido a pensar visualmente e tomar consciência do poder do pensamento visual para representar informações.

Embora você vai estar gerando ideias, não pense nisso como o brainstorming, pelo menos não do tipo que todo mundo está conversando e interagindo. Em vez disso, em um primeiro momento, todos da equipe estarão trabalhando silenciosamente e individualmente, muitas vezes em torno da mesma mesa.

Basicamente, cada indivíduo do time é convidado a esboçar 8 ideias em 5 minutos. Sim, se você já fez as contas, isso é cerca de 40 segundos por esboço, o que é um pouco “crazy“, mas ao mesmo tempo é uma ótima maneira de “obrigar” você a desligar a auto-edição e apenas colocar suas ideias no papel. Vale destacar também, que não é um storyboard ou um fluxo de navegação, as ideias não precisam estar em sequencia ou contar uma narrativa coesa.

Na verdade, o foco é gerar 8 ideias totalmente diferentes, de forma rápida e visual para o seu produto/ideia. Você pode estar se perguntando? E se eu não tiver 8 ideias? Se isso acontecer e você se sentir preso, tente repetir um dos esboços anteriores com uma pequena variação, esse tipo de exploração é útil e mantêm você em movimento. Com o tempo e prática, você percebe que você estará mais relaxado e automaticamente se torna mais produtivo em dinâmicas como essa, apenas deixando fluir suas ideias.

Existe inúmeras formas de aplicar o crazy eights, aqui, vou explicar dois tipos de gamestorming para 8 steps. O primeiro, conhecido por “Momentos chaves”, é indicado para quando estamos em um processo muito inicial do nosso produto/ideia e ainda estamos buscando entender nosso problema. Entenda que por “momentos-chave”, estamos nos referindo as diferentes experiências possíveis e interações que o usuário tem com o software. Um momento pode ser uma tela propriamente dita, ou uma interação (o usuário vai clicar, vai dar zoom, vai deslizar o dedo sobre a tela?) ou ainda um caso de uso (onde o seu usuário vai estar usando o seu produto? Quando que o seu produto vai intervir na vida do usuário?).

Já o outro 8 steps, elimina os casos de uso e interações e foca mais na concepção da telas propriamente dito. Esse segundo é usado normalmente, quando temos uma ideia mais clara do nosso produto/ideia e já conseguimos imaginar como nossa aplicação vai funcionar.

Para obter melhores resultados, sempre tente aplicar pelo menos duas rodadas do Crazy Eights. Com certeza, na segunda rodada, a equipe vai sofrer mais para gerar as 8 novas ideias. Fazendo uma analogia rápida, é como se a gente tivesse raspando o fundo do pote, o que torna tudo mais doloroso para se conseguir novas ideias. No geral, na primeira rodada os participantes vão gastar as suas oito ideias mais óbvias.

A segunda rodada é, justamente, para reforçar a questão de sair da zona de conforto e fazer cada participante buscar ideais mais inovadoras. Vale destacar que não significa que você vai abandonar as ideias antigas, elas tendem a vir na sua mente por serem mais fortes, mas vale uma segunda rodada justamente para poder ir além do óbvio e ter mais opções e situações para se analisar sobre o projeto/ideia.

Gamestorming 8 steps – Momentos chaves

Objetivo
Materializar as ideias (telas, caso de uso e interação) que temos sobre o nosso aplicativo no papel de forma rápida e visual.

Ambiente

  • As ideias/histórias/cenários descritos nos gamestorming anteriores.
  • Folha A3
  • Canetinhas

Regras

  • Duração de 5 minutos;
  • Cada integrante do time deve fazer um 8 steps mesmo sem habilidades artísticas.

Passo a Passo

  • Distribua folha A3 em branco e canetas para todos os participantes.
  • Faça com que todos dobrem a folha de papel 3 vezes de modo que todos eles tenham a folha divida em 8 pedaços.
  • Peça à equipe que desdobre o papel e observe a grade de 8 retângulos foi criada.
  • Dê 5 minutos no total para desenhar oito momentos chaves, uma média de 40 segundos para cada quadro.
  • Ao longo do exercício continue a lembrar as pessoas do tempo e se certificar de que está claro o que elas devem esboçar
  • Repita conforme necessário.

Obs: Lembre-se que você pode aplicar esse mesmo gamestorming desconsiderando casos de uso e interação e apenas focado em telas quando sua equipe já tem uma ideia mais clara do que estão criando.

Uma vez que o gamestorming está finalizado, convide cada participante para compartilhar seus esboços favoritos, obter feedback do seu time e definirem quais steps são fundamentais para o seu produto/ideia funcionar. Aqui, por exemplo, pode-se usar a técnica do zen-voting para fazer a seleção final.

Para finalizar, confira este vídeo explicativo de forma prática:

https://www.youtube.com/watch?v=yz4g87XapQ0
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